Resistência e unidade - Rejeitadas pressões na Autoeuropa

 

Os eleitos da Lista C na Comissão de Trabalhadores da Autoeuropa não reconhecem significado a um «suposto abaixo-assinado encomendado», que pedia a sua demissão, após terem recusado assinar o mais recente pré-acordo com a administração.

 

Em comunicado, com data de 15 de Dezembro, José Carlos e Luís Quarenta – eleitos na lista apoiada pela célula do PCP na Autoeuropa – afirmam que não assinar o pré-acordo «é um direito que nos assiste, sendo que não existe qualquer vínculo obrigatório ao mesmo da nossa parte, pois a CT é formada por elementos de três listas, com programas eleitorais distintos». Recordam que «sempre manifestámos desacordo em relação à condução do processo reivindicativo-negocial» e que a recusa de assinar o documento «não impediu a vontade maioritária dos trabalhadores», embora tenha igualmente reflectido o facto de mais de 36 por cento dos operários terem votado contra o pré-acordo.. O «abaixo-assinado», com apenas 39 subscritores, reclamando a demissão dos eleitos da Lista C, «não tem qualquer significado ou legitimidade». Subscrito por 4 dos onze membros da Comissão de Trabalhadores, «o último comunicado da CT é lamentavelmente abjecto», protestam José Carlos e Luís Quarenta, «pois os seus autores tentaram sobrevalorizar um abaixo-assinado perfeitamente ridículo e desvalorizar o pedido de várias centenas de trabalhadores, através de um abaixo-assinado estatutariamente correcto e legítimo, a solicitar a realização de um plenário para que lhes sejam dadas as devidas explicações». Considerando «lamentável que a maioria da CT pretenda, desta forma, provocar o divisionismo no seio dos trabalhadores, com manobras que revelam o desrespeito pela diferença de opinião e a tentativa de calar aqueles que foram democraticamente eleitos», José Carlos e Luís Quarenta reafirmam que «a unidade dos trabalhadores é essencial para a concretização dos seus objectivos e a verdade deve prevalecer». «Este é o nosso objectivo na CT, da qual continuaremos a fazer parte, por vontade dos trabalhadores», concluem.


PCP acusa

A célula do PCP na Autoeuropa, em nota divulgada dia 4 e publicada no seu boletim O Faísca, considerou «altamente negativo, revelador de um sectarismo vergonhoso e uma total falta de respeito pela democracia e o direito a opinião divergente, o facto de o BE ter tentado, através de uma manobra de contornos fascizantes, expulsar elementos da lista C da Comissão de Trabalhadores», recorrendo a «um “abaixo-assinado” encomendado aos seus “moços de recados”, que pela falta de consistência e escasso número de subscritores não teve qualquer impacto»
Notando «algum incómodo por parte do BE em relação ao PCP e à sua organização na empresa», a célula comunista afirma que «a sua acção junto dos trabalhadores, com vista ao seu esclarecimento e mobilização para as lutas futuras, continuará, assim como a defesa dos seus direitos e garantias, frente a uma administração, que se revela agressiva, e a uma CT, cuja maioria segue uma política de cedência fácil e que vê os trabalhadores de Autoeuropa apenas como legitimadores dos acordos por si efectuados, ou seja, quando os trabalhadores aprovam, “revelam maturidade”, quando rejeitam são “irresponsáveis”».


Vigilância contra corrupção

«É sempre lamentável para os trabalhadores que um seu representante se deixe corromper», comenta-se n’ O Faísca, a propósito da detenção, na Alemanha, de Klaus Volkert, antigo presidente do comité de empresa do grupo Volkswagen. A ordem de prisão preventiva foi-lhe retirada na semana passada, depois de Volkert ter prestado uma declaração judicial a admitir grande parte dos factos de que está acusado.
O ex-presidente do comité de empresa foi obrigado a abandonar o grupo, há cerca de um ano, quando rebentou um escândalo de corrupção, desfalque e subornos, envolvendo também o antigo director dos Recursos Humanos, Peter Hartz.
Hartz, que foi um colaborador próximo do ex-chanceler Gerhard Schröder e inspirou as reformas laborais do governo alemão, está acusado de 44 crimes, 23 dos quais se referem a actos de favorecimento do comité de empresa da VW. Terá autorizado pagamentos ilícitos no valor de quase dois milhões de euros, entre 1994 e 2005, por meio de pagamentos extraordinários a Volkert. Em troca obteve a garantia de paz social...
«A vida ensina-nos que a vigilância dos trabalhadores é determinante e fundamental para que estas situações não aconteçam», lembra o boletim da célula do PCP.

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