A crise no sector automóvel
A crise da indústria automóvel tem causas diversas, mas certamente que uma das mais importantes é a baixa do poder de compra da maioria da população, consequência dos seus baixos rendimentos, designadamente dos salários, do trabalho precário e do desemprego. Assim, uma das medidas mais eficazes seria o aumento dos rendimentos salariais, através de uma distribuição justa do rendimento.
Mas, naturalmente que, no imediato, outras medidas se impõem. É que a quebra de produção das marcas automóveis tem repercussões em muitos outros sectores de actividade, incluindo nas diversas indústrias de componentes e nos próprios transportes, o que pode agravar toda a situação económica e social. Assim, tal como houve medidas excepcionais para o sector financeiro, impõem-se medidas excepcionais para o sector automóvel, de forma a salvaguardar o emprego. Não se pode admitir que a defesa da produção e do emprego não mereçam a mesma importância do sector financeiro. É necessário que haja a solidariedade necessária para apoiar a indústria na União Europeia, sobretudo nas economias e sectores mais frágeis.
Em Portugal, esta situação é preocupante, já que o sector está muito dependente da estratégia das multinacionais. Nos últimos anos, registaram-se várias deslocalizações, seja na produção de automóveis - casos da Opel e da Renault - seja de componentes, de que se destacam os casos da Yazaki Saltano e da Lear, além da ameaça de diminuição do emprego que se regista noutras, como na Sunviauto e na Delphi, e em centenas de micro e pequenas empresas afectadas pela situação..
Em certos casos, há paragens de alguns dias de produção, como na Autoeuropa, em Palmela e na fábrica de componentes da Renault em Cacia, Aveiro, com o argumento da falta de encomendas. Com menos peças e menos automóveis a entrar e sair do país, o transporte de mercadorias é uma das actividades também afectadas.
Ora, num país onde o desemprego já é muito elevado, impõe-se que haja um apoio extraordinário da União Europeia para apoiar a produção industrial e salvaguardar o emprego com direitos.
Intervenção de Ilda Figueiredo,
deputada do PCP no Parlamento Europeu
18.Nov.2008