Festa do «Avante!» Uma Festa do Futuro

    Desde a sua primeira edição na antiga FIL, em 1976. Estão presentes na memória de milhares de comunistas (e não só) todas as manobras e golpes visando impedir a realização da Festa, da mesma forma que essas memórias registam a determinação e a força colectiva que permitiram aos militantes comunistas e aos seus amigos superar obstáculos, descobrir e transformar o Alto da Ajuda quando se inviabilizou o Jamor (que dois anos antes havíamos descoberto e transformado) recorrer a Loures quando na base das falsidades habituais, o Alto da Ajuda foi inviabilizado, enfim encontrar a Quinta da Atalaia, comprá-la na sequência de uma ampla campanha de fundos, dar enfim à Festa o espaço que merece.

 

    Não satisfeitos com os resultados desta ofensiva contra a Festa do Portugal de Abril e o Partido que a constrói, surgiu a Lei de Financiamento dos Partidos Políticos, concebida e aprovada pelo PS; PSD e CDS e que tem a Festa do «Avante!» como alvo preferencial.

    Porquê estes ataques constantes à Festa?

    Precisamente porque ela constitui um dos exemplos que marcam a diferença entre o PCP e qualquer outro partido nacional; precisamente porque ela constitui uma iniciativa que nenhum outro partido nacional tem capacidade e condições para fazer. Nenhum outro partido tem unhas para tocar semelhante guitarra nem a tal qualquer deles se abalança.

    Não se trata de uma afirmação de propaganda partidária, trata-se de uma verdade comprovada pela vida, ao longo de trinta anos.

    A Festa do «Avante!» é aquilo que é, tanto na sua forma como no seu conteúdo, por muitas e muito concretas razões, a primeira das quais é a de que se trata da Festa de um Partido que tem como objectivo maior da sua luta a construção de uma sociedade livre, democrática, justa, solidária, liberta de todas as formas de opressão e de exploração; de um Partido que, todos os dias, está na primeira linha da luta pela defesa dos interesses dos trabalhadores, do povo e do País; de um Partido sem o qual a oposição à política de direita e aos governos que a vêm executando há trinta anos, se resumiria a um foguetório para iludir eleitores distraídos, transvestindo de verdade a mentira que apresenta a alternância como se de alternativa se tratasse.

    Quem queira observar o processo de construção da Festa, desde o erguer dos pavilhões até à forma como tudo funciona durante três dias, facilmente conclui que só um partido que luta por ideais e por objectivos como os acima enunciados, poderá estar em condições de responder às exigências de colaboração voluntária, de militância consciente, de participação criativa, colocadas pela construção e realização de uma iniciativa com a dimensão e a magnitude da Festa do «Avante!».

    A oito dias da Festa as jornadas de trabalho voluntário constituem um movimento alto de todo um processo que há-de vir a culminar com a Festa propriamente dita, com aqueles três dias de alegria, de convívio, de fraternidade, de cultura, de intervenção política.

    A Festa está a ser construída por milhares de mãos e de vontades; por operários, intelectuais e trabalhadores de todas as áreas de actividade; por homens e mulheres que não desistem de sonhar com o futuro nem desistem de lutar pela materialização desse sonho e por jovens, tantos que pode dizer-se que a Festa do «Avante!» é cada vez mais a Festa da Juventude. De uma Juventude que participa de forma determinante na sua construção; que corresponde a uma cada vez mais elevada percentagem no conjunto dos visitantes da Festa.

    A Festa está a ser construída em Festa até ao grande momento: a abertura da Festa, no dia 1 de Setembro, em que se transforma na maior iniciativa cultural e política que se realiza no nosso País.

    A Festa do «Avante!» é cultura, é espectáculo, é desporto, é solidariedade, é debate, é gastronomia, é artesanato, é convívio.

    Na Festa do «Avante!» passeia-se pelo País, capta-se a maneira de sentir, viver e lutar de gente de culturas diferentes. Na Atalaia entra-se nos Açores, nas Beiras, no Alentejo; vive-se na Madeira, em Trás-os-Montes ou no Algarve. Muda-se de sotaque, de problemas, de comida. Viaja-se pelo mundo do Espaço Internacional; conversa-se com os homens do amanhã na Cidade dos Pioneiros.

    É o retrato em movimento do País, é o encontro com o Mundo.

   É tudo isto que faz da Festa a mais bela de todas as Festas que se realizam no nosso País.

 

                                                                Vicente Merendas

           Membro do Executivo da Direcção Regional de Setúbal do PCP