Eleitos na Autoeuropa reafirmam determinação
José Carlos Silva, que encabeçou a lista «Marcar a Diferença», adiantou ao Avante! que, desde já, os eleitos irão usar o mandato que lhes foi conferido pelos trabalhadores e os poderes atribuídos legalmente para que a CT exija da administração o cumprimento da lei, reclamando que sejam fornecidos os dados caracterizadores da situação financeira da Autoeuropa.
Esta obrigação da empresa, no âmbito do controlo de gestão, não tem sido respeitada, ao longo dos anos, e desde 2003 os dados não têm sido divulgados à CT.
Mas, como os eleitos da Lista C têm criticado, a própria CT não tem exigido o cumprimento da lei nesta matéria. Nas eleições de 9 de Março, os 2806 trabalhadores inscritos foram chamados a escolher entre quatro listas.
Acorreram às urnas 1509 votantes, dos quais 102 votaram em branco e 41 anularam o boletim.
Foram eleitos 7 representantes da Lista A (integrando o coordenador da CT cessante e outros elementos conotados com o BE), 1 da Lista B e 3 da Lista C.
Esta «surge como a única lista que regista um crescimento bastante positivo, face a 2004, passando de 1 para 3 membros e aumentando o número de votos, de 183 (10,28 por cento) para 321 votos (21,27 por cento)», comenta-se no boletim da célula do PCP na Autoeuropa.
A mais recente edição de «O Faísca» refere ainda «uma acentuada quebra» da votação da lista maioritária (passou de 1071 votos e 60,2 por cento, para 834 votos e 55,3 por cento), embora mantendo o número de eleitos.
Para os comunistas da Autoeuropa, estes dados e a subida da abstenção (que agora passou ligeiramente os 46 por cento, mais quase 4 por cento que há dois anos) reflectem «o sentimento de insatisfação e contestação por parte de muitos trabalhadores, em relação à gestão da maioria dominante da CT»; por outro lado, a Lista C, «com um conjunto de propostas e programa alternativos, conseguiu cativar parte significativa desse descontentamento, ao qual importa agora dar resposta, na procura de soluções que, tal como afirmaram, passam inevitavelmente por uma postura de firmeza e de envolvimento colectivo de todos os trabalhadores na defesa dos postos de trabalho e de melhores salários e condições sociais».
Indesejados
No boletim de Março – que pode ser consultado na Internet, em www.ofaisca.org – a célula do Partido refere que há na Autoeuropa «um número significativo de trabalhadores que, como consequência do trabalho que executam diariamente, adquirem problemas graves de saúde» e alguns dos quais são portadores de «doenças profissionais declaradas». «Para os trabalhadores em causa não estão a ser encontradas soluções de recolocação», denuncia a célula comunistas, acusando a empresa de ter «uma postura do tipo “está gasto, é preciso deitar fora”», a qual é «bem reveladora de que um trabalhador só interesse enquanto está em condições de produzir riqueza» e que, se «nestas condições, é colaborador», quando incapacitado «passa a trabalhador indesejado».
Este artigo encontra-se em http://www.avante.pt/noticia.asp