Número de desempregados bate recorde no mundo

 
Número de pessoas sem atividade passou de 191 milhões no ano passado
 
Genebra - O crescimento econômico mundial não parece ser suficiente para reduzir o desemprego e as taxas de pessoas sem um trabalho, atingindo a 191,8 milhões em 2005, maior número já constatado pela Organização Internacional do Trabalho (OIT) desde o início de seus registros. Nunca tantas pessoas estiveram desempregadas como agora e, segundo o diretor da OIT, Juan Somavia, "o mundo enfrenta uma crise de proporções enormes". A América Latina registrou o maior crescimento do desemprego entre todas as regiões no ano passado.

 

Segundo a OIT, entre 2004 e 2005, o número absoluto de desempregados aumentou em 2,2 milhões de pessoas, embora a taxa tenha se mantido em 6,3% da população mundial, percentual igual ao de 2004. Nos últimos dez anos, o exército de desempregados no mundo ganhou 34,4 milhões de novas pessoas. De acordo com os analistas, o problema é que os governos não conseguem transformar o crescimento de seus PIBs em aumento de postos de trabalho nem de salários. Parte desse problema estaria sendo causado pela alta dos preços do petróleo.

Em 2005, a economia mundial cresceu 4,3%, mas apenas 14,5 milhões de pessoas no planeta conseguiram sair da linha da pobreza, definido pela ONU como uma situação em que um trabalhador ganha menos de um dólar por dia. Hoje, mais de 500 milhões de pessoas ainda vivem nessa situação. O problema, portanto, não é apenas a criação de postos de trabalho, mas a falta de capacidade mesmo daqueles que trabalham de ganhar o suficiente para se manter. Dos 2,8 bilhões de trabalhadores no mundo hoje, 1,4 bilhão não contam com um salário para tirar suas famílias da extrema pobreza. O pior é que essa taxa ficou inalterada nos últimos dez anos.

Por isso, o chefe do departamento de estratégias de emprego da OIT, Lawrence Jeff Johnson, questiona a criação de empregos no Brasil. O governo anunciou um aumento de 1,2 milhão de novos postos de trabalho no País em 2005. "É bem possível que os números sejam o que o governo diz, mas a questão é saber que tipo de emprego está sendo gerado e se esses trabalhos geram uma renda", disse Johnson. Segundo a OIT, o maior crescimento do desemprego no mundo no ano passado foi registrado nos países latino-americanos. Entre 2004 e 2005, 1,3 milhão de pessoas perderam seus empregos e não conseguiram voltar ao mercado. Por isso, a taxa de desemprego aumentou em 0,3% e atingiu a marca dos 7,7% da população da região.

A Organização das Nações Unidas (ONU) prevê um crescimento de apenas 3% para o Brasil em 2006, a menor expansão entre as principais economias emergentes do mundo. A estimativa faz parte do relatório lançado ontem pelas Nações Unidas e que aponta que a economia global terá um crescimento neste ano de 3,3%, mesmo padrão de 2005, mas abaixo dos 4% de 2004. A inflação no Brasil, porém, ficará abaixo da média latino-americana e deverá chegar a 5%. Em 2005, a ONU também apontou que o Brasil teve o menor crescimento entre os países emergentes, com 2,5%.

Fonte: A Notícia - 25/01/06

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