O resultado da reivindicação

 
Os trabalhadores da Autoeuropa tiveram conhecimento em plenário que a CT havia chegado a um pré acordo no caderno reivindicativo com a administração para vigorar até 2010.
 
Certamente que fizeram o melhor que foram capazes e caberá agora aos trabalhadores ajuizar e aprovar, ou não
 
Este processo revestiu-se de algumas opções já conhecidas e de outras que pela primeira vez pudemos registar e que quanto a nós influenciam decisivamente o resultado final das negociações.
 
Desde logo a influência do colectivo dos trabalhadores não foi usada de qualquer forma para impulsionar as negociações a não ser na realização de plenários e mesmo assim os que tiveram a coragem de levantar algumas objecções foram alvos de respostas muito mais que “calorosas”.
 
Pela primeira vez, foi somente a comissão executiva que chegou ao pré acordo com a administração e só depois a comunicou aos restantes elementos da CT.
 
Apesar do coordenador da CT ter garantido em dois plenários que sábados a singelo “nunca, nem de manhã, nem de tarde nem de noite” esse mesmo coordenador e seus correligionários inviabilizaram uma proposta de moção que só tinha o propósito de fazer com que o plenário mandatasse a CT para que nunca negociasse nesses termos. Pela primeira vez, na presença de duas propostas, a da CT foi iniciada com os votos contra e a outra com os votos a favor sendo que não eram idênticas nem visavam o mesmo assunto. Fica difícil não classificar este processo de votação de manipulação do plenário.
 
Foi aprovada nos plenários “ com larga maioria” como dizia um dos últimos comunicados da CT, uma moção que mandatava a CT para negociar um factor correctivo em 2010 de 1,2%. No entanto, e logo na reunião seguinte, dessa moção foi feita tábua rasa e, igualmente, da vontade expressa pelos trabalhadores.
 
Utilizando a gíria popular diríamos que foram entradas de leão e saídas de sendeiro.
 
Ainda durante o processo negocial é o coordenador da CT que vai aos média anunciar que 145 trabalhadores temporários terminarão os seus contratos mas no plenário da manhã “esqueceu-se” de referir esse pormenor para dizer que os empregos estavam garantidos até 2010 tal como se esqueceram de apresentar o resto dessa clausula onde se prevê que caso a situação se altere esta clausula poderá ser revista. Isto é: estão os empregos garantidos mas pode não ser assim.
 
Não cabe aos membros da célula da PCP na AE indicar o sentido de voto dos trabalhadores, isso é uma decisão individual de cada um que respeitaremos, mas estamos em crer que outros resultados poderiam ter sido obtidos se algumas destas situações não se tivessem registado e se o colectivo dos trabalhadores fosse usado mais eficazmente apesar de toda a difícil situação que todos atravessamos