AUTOEUROPA: Precariedade não contribui para qualidade
Saíram recentemente na comunicação social notícias que, inevitavelmente, nos deixam algumas apreensões. No seguimento da Conferência Europeia da Indústria Automóvel que decorreu em Palmela, J. Reimers terá afirmado que «os fornecedores portugueses têm que ser mais competitivos e concorrenciais», tendo em conta a questão principal si apontada: A qualidade da produção. Mais adiante frisa que «temos que ter recursos humanos flexíveis(...) e turnos mais eficientes».
No meio da alusão feita aos problemas de qualidade que os fornecedores da Autoeuropa têm tido em relação aos produtos que entregam e a um desejo de mais flexibilidade laboral, encontramos uma contradição que há muito temos vindo a denunciar: É impossível conseguir qualidade de produtos ou serviços quando aumenta o número de trabalhadores dessas mesmas empresas com contratos temporários que sofrem na pele as condições de insegurança, a falta de perspectiva de futuro ao seu serviço e as ameaças de despedimento, perda de direitos e redução de salários através de manobras por vezes pouco claras decididas ao nível das direcções desses mesmos fornecedores e ao qual não podemos descartar responsabilidades à Autoeuropa.
O que se está a passar é revelador de que existe uma íntima ligação entre a Autoeuropa e todas as empresas fornecedoras do parque industrial.
Os trabalhadores conhecem perfeitamente a importância da qualidade do trabalho, sempre a conheceram e pugnam pela sua melhoria.
Na Autoeuropa também existe precariedade e a interrogação que se levanta é a de saber por quanto tempo mais se prolongarão os contratos a termo e temporários já existentes nos postos de trabalho permanentes.
Tal como os comunistas já referiram, importa continuar a luta contra a precariedade e exigir da administração a integração destes trabalhadores nos quadros da Autoeuropa.
As declarações prestadas pelo director-geral da empresa não nos deixam nada tranquilos. Seria bom que clarificasse, perante os trabalhadores, o que pretende porque estas alusões camufladas contribuem para a insegurança e incerteza no futuro, quanto aos direitos e garantias dos trabalhadores.