Diversos tons de azul

Estranhamente, e muito embora os valores do prémio de objectivos a auferir pelos trabalhadores da Autoeuropa, já fossem desde há muito conhecidos, os mesmos foram divulgados no seu valor bruto poucos dias antes da greve geral que teve lugar a 22 de Março.

Dos mesmos se fizeram eco muitos dos órgãos de informação nacional, causando a muitos trabalhadores o incómodo de ter de explicar a familiares, vizinhos e conhecidos as origens e o merecimento de tais prémios.

Do seu valor liquido, bem abaixo dos valores espalhados aos 4 ventos ninguém se pronunciou mas os trabalhadores da Autoeuropa conhecem agora o rombo tremendo que verificaram nos seus recibos de salários.

Tivessem os mesmos sido divulgados antes da greve geral e estamos certos que, muitos mais compreenderiam a justeza da marcação da mesma.

Mas não foram só os trabalhadores da Autoeuropa que receberam prémios de objectivos. Também os quadros superiores os receberam só que certamente com valores bem diferentes dos 938€ que receberam a maioria dos trabalhadores.

Não foram divulgados esses valores e assim esses quadros não foram sujeitos ao incómodo da pressão dos média, dos familiares , dos vizinhos e dos demais portugueses que certamente também gostariam de saber, e a isso tinham igual direito, quais os valores envolvidos e poder assim estabelecer termos comparativos.

Estamos convictos que a curiosidade que se exerceu sobre os prémios merecidos pelos trabalhadores seria então direccionada noutro sentido tal a disparidade de valores que se poderia verificar.

Não o quis assim a empresa, estranha transparência esta.

Apesar de instada a declarar por escrito, e somente na generalidade, quais os valores pagos em prémios ás diversas classes de quadros decidiu omitir os mesmos como se não trabalhassem na fábrica e não contribuíssem de igual forma , embora com graus de responsabilidades diferentes, para a produção dos veículos que a empresa fabrica.

Dois pesos e duas medidas que registamos, da empresa e dos órgãos de comunicação social.

Não há que estranhar afinal sempre se soube que na Autoeuropa eram todos azuis, mas havia sempre uns mais azuis que outros.