JUNTAR A LUTA À RAZÃO

 
 Todos os dias, a todas as horas, de acordo com uma rigorosa escala de serviço, Primeiro Ministro, Ministros, Secretários de Estado e outros propagandistas do Governo, completam-se e complementam-se anunciando-nos, no meio de estrelejar de foguetes, os anúncios de protocolos, projectos e intenções de investimento.

 

 Ouvindo-os, dir-se-ia que passado um período mau, temos à nossa frente, prestes a abrirem-se de par em par, as portas da felicidade: pelo que só nos resta curvarmo-nos num reverente agradecimento a quem nos prodigalizou tamanhas benesses.

 Não há nada de novo neste cenário, como se sabe. Situações semelhantes têm vindo a repetir-se, como fotocópias, desde há mais de duas décadas, com governantes, ora do PSD ora do PS com acções de propaganda e espalhar ilusões.

 O recente percurso da chamada nova Refinaria de Sines é disso exemplo. Anunciada com pompa, quando esperávamos que a consistência do anúncio feito pelo Governo nos estivesse a permitir saber os ganhos para o País, o número de postos de trabalho que iam de facto ser criados, eis que parece ir tudo por água abaixo.

 É assim que após o primeiro ano do Governo PS, vemos os problemas nacionais agravados e o futuro de Portugal e do povo português mais comprometido. Um ano de Governo PS, suportado numa maioria absoluta evidencia não apenas o prosseguimento da política de direita mas a sua acentuação e aprofundamento.

 Os grupos económicos e financeiros aplaudem. O PSD e o CDS oscilam entre a grande satisfação interior que resulta de verem a sua política aplicada com grande empenho e velocidade pelo PS e o desgosto de não serem eles próprios a fazê-lo.

 Sócrates afirma que o PSD tem é ciúmes!

 Ângelo Correia diz que «a discussão entre PSD e PS é uma mera discussão de vírgulas, de decimais e de decibéis. Na substância, não há hipótese de grandes variações».

 José Miguel Júdice considera que, «Sócrates está a governar a «direita». O Primeiro  Ministro é um homem que está, por acaso, no PS».

 Bastante elucidativo!

 Dizem-nos que para o desenvolvimento da economia, para a superação a crise, para bem do País, são necessários sacrifícios, é necessário «apertar o cinto».

 Acontece que as vítimas desses sacrifícios, os eternos apertadores de cinto, são essencialmente os que produzem ou produziram a riqueza do País, a saber, os trabalhadores e os reformados e pensionistas e os beneficiários desses sacrifícios e desses apertos de cinto são essencialmente os tubarões, chefes dos grandes grupos económicos e financeiros.

 Acontece que o «futuro melhor» não dá sinais de vida, nem o desenvolvimento da economia nem a superação da crise. Certas, certas, são as dificuldades crescentes para os trabalhadores e a maioria dos portugueses.

 No entanto, ao contrário do que alguns querem que se pense, esta apagada e vil tristeza não é uma fatalidade, antes é consequência de uma determinada política, de uma política que é imperioso derrotar e substituir por outra de sentido oposto.

 Tal substituição, que não é tarefa fácil, impõe a intensificação da luta de massas.       

    Lutar pela defesa da Segurança Social e contra a diminuição das pensões e a tentativa de aumentar, directa ou indirectamente, a idade da reforma.

    Lutar em defesa do emprego, contra a precariedade.

    Lutar pela Contratação Colectiva e pela revogação das normas gravosas do Código do Trabalho.

    Lutar contra o aumento do custo de vida e pela melhoria dos salários.

    Lutar em defesa de uma Administração Pública ao serviço dos cidadãos e pelos direitos sociais.

 São objectivos para os quais nenhum trabalhador pode ficar indiferente.

 O PCP, ao apelar à luta, tem a consciência e a convicção que esta constitui factor decisivo para resolver os problemas concretos e as reivindicações concretas.

 E fá-lo porque o Governo PS em vez de promover o fortalecimento da democracia, assume uma postura arrogante, convive com a degradação das liberdades e direitos nomeadamente nos locais de trabalho.

 A opção política do PS justifica esta luta. As aspirações dos trabalhadores também.