Autoeuropa - Experiências de uma célula de empresa

A vida, a história, a experiência do nosso Partido ensinam-nos que quando se tomam medidas adequadas e se luta pela sua concretização na prática, o trabalho desenvolve-se e avança.
A vida, a história, a experiência do nosso Partido ensinam-nos que quando se tomam medidas adequadas e se luta pela sua concretização na prática, o trabalho desenvolve-se e avança.A decisão da DORS de acompanhar directamente a célula da Autoeuropa foi extremamente importante para o funcionamento da célula e o seu reforço.

Um dos traços da intervenção da célula foi corresponder às exigências de um período marcado pela intensificação e sofisticação da ofensiva ideológica por parte da Administração da Autoeuropa. Trava-se nesta frente uma grande batalha.

Apesar dos poderosos meios que a Administração dispõe para tentar influenciar os trabalhadores, a célula do Partido é cada vez mais escutada na empresa e influencia os acontecimentos.

Nesta luta de classes com meios tão desiguais, a célula conseguiu criar condições para ir à luta e até ganhar batalhas: quando a maioria da Comissão de Trabalhadores assinou um pré-acordo com a Administração para implementar o banco de horas e a redução do valor das horas extras, os trabalhadores por voto directo e secreto rejeitaram-no, seguindo-se plenários que reafirmaram essa posição.

Esta rejeição só foi possível pelo papel que a célula e os seus militantes desempenharam.

Foi enorme a pressão e chantagem exercida sobre os trabalhadores e seus familiares com ameaças de lay-off, da deslocalização da empresa, e muitas mais.

Hoje olhando para trás o que brilha é a coragem e a dignidade com que os trabalhadores se bateram na defesa dos seus direitos.

Nós, comunistas, jamais esqueceremos quando num plenário com cerca de 1500 trabalhadores dois trabalhadores intervêm com o boletim da célula do Partido nas mãos.

Que bela página os trabalhadores escreveram na história da empresa.

Hoje podemos afirmar que na Autoeuropa não existe nenhum acordo a retirar direitos, que não existe banco de horas...

Mas há algo na Autoeuropa que existe, que pouco é referido mas é incontornável, que é a célula do PCP.

À medida que o Partido se foi reforçando, conquistando o seu espaço de acção e assumindo tomadas de posição em relação à vida da empresa e dos trabalhadores, as listas unitárias para os órgãos representativos foram elegendo mais elementos.

As células reforçaram-se significativamente através do recrutamento, tendo actualmente 110 militantes. Só para dar uma ideia, este ano temos 14 camaradas recrutados, tantos como tínhamos nas empresas ao fim de 15 anos da sua existência.

Através da célula da Autoeuropa, constituiu-se a célula do Parque Industrial que é composta por 23 empresas que fornecem a Autoeuropa.

De realçar o trabalho conjunto que estamos a realizar, a coordenação com os camaradas do movimento sindical, o que tem permitido o recrutamento, a sindicalização e o reforço das estruturas dos trabalhadores.

Recentemente as listas unitárias ganharam as eleições para as Comissões de Trabalhadores da Autovision, Webasto e SPPM.

A presença do Partido é tão indispensável quanto mais forte queremos que seja a nossa ligação às massas e a identificação destas com os objectivos pelos quais lutamos.

A regular distribuição de documentos à portaria da Autoeuropa e das empresas do Parque Industrial é uma das principais tarefas de propaganda que levamos por diante. O Partido tem uma marca distintiva em relação às outras forças políticas, a célula está sempre presente.

A informação da célula é o único contraponto político a toda a informação que é divulgada pela Administração.

«O Faísca» é o boletim informativo para todos os trabalhadores da Autoeuropa, elemento agitador e esclarecedor que leva a todos a opinião da célula do PCP relativa aos assuntos internos do momento e da situação do país.

A clareza das ideias, a adequação da mensagem ao sentimento de quem a lê, a oportunidade das nossas posições e a compreensão das nossas propostas são aspectos na eficácia dos materiais que produzimos, sendo os boletins das células, «O Faísca» na Autoeuropa e «O Complexo» no Parque Industrial, um exemplo disso.

A célula reúne regularmente e assume o seu papel de direcção. O seu funcionamento requer um trabalho exigente, uma grande persistência e uma acção constante dos militantes do Partido, tendo em conta as condições concretas dentro da fábrica: trabalho em linhas de montagem com pausas muito curtas e turnos rotativos em que os trabalhadores precisam de estar sempre no posto de trabalho.

A célula aprova anualmente um plano de trabalho, traça objectivos a todos os níveis e faz controlo de execução.

Na Assembleia de Organização definimos orientações, e levantamos interrogações para as quais vamos encontrando respostas no dia-a-dia.

O que deve ser a célula e que objectivos e tipo de intervenção lhe devem ser atribuídos?

Como enfrentar as dificuldades dos horários, contractos a prazo, quebras de militância?

Como organizar nas condições actuais?

Como elevar as mais diversas expressões de solidariedade entre os trabalhadores?

Que relação dos comunistas com as estruturas unitárias?

Não encontramos respostas para tudo, mas já temos a capacidade de nos interrogarmos.

Há uma certeza que nós temos. Para que o Partido continue a ser o partido da classe operária e de todos os trabalhadores é necessário criar um desassossego nas células.

Criar um sobressalto em cada quadro e militante comunista.

Criar um impulso de confiança nos comunistas nas empresas.

Esta deve ser uma batalha de todo o Partido, na qual todos nos devemos empenhar.

O reforço da célula não é apenas um motivo de regozijo para os comunistas. A acção da célula fez renascer a confiança de muitos amigos do Partido que estão connosco nas várias iniciativas, nos convívios, na construção e funcionamento do bar, na divulgação de «O Faisca», na Festa do Avante.

Uma célula mais forte está em melhores condições para intervir e é com orgulho que afirmamos que hoje a célula e as suas mensagens têm maior receptividade no seio dos trabalhadores.

Na Autoeuropa já estamos a colher frutos e estamos convictos de que as sementes que lançamos hoje darão mais frutos amanhã.

A actual situação política, económica e social gravíssima, coloca ao Partido da classe operária responsabilidades para responder a esta brutal ofensiva.

Os trabalhadores precisam de um Partido cada vez mais forte, interventivo e essa é a grande tarefa dos comunistas na actualidade.

Viva o Partido Comunista Português!

(*) Intervenção na Reunião Nacional de Quadros do PCP, 15 de Outubro de 2011.

António Magrinho