Voltamos à mesma sina?

 
Apesar da Autoeuropa estar longe de laborar todos os 15 turnos que poderia durante a semana, a administração insiste em impor o pagamento do trabalho ao sábado a singelo. Nem sequer mais uma vez pretendem aplicar a lei quanto mais a contratação colectiva.
 
O fantasma do desemprego ou paragem para centenas de trabalhadores, agora já não só os contratados mas os excedentários (veja-se o último comunicado da CT) volta a ser agitado como arma de chantagem para que se aceite a redução de direitos.
 
Esta redução de direitos e rendimentos só se aplica aos trabalhadores como se numa completa inversão dos acontecimentos estes fossem responsáveis pela crise tão apregoada.
 
Mas será assim?
 
Um jornal alemão publicou recentemente os rendimentos dos administradores do grupo VW, entre os quais:
 
Martin Winterkorn aumentou o seu rendimento anual de 5,1 milhões € para 12,7 milhões € em 2008,Hans Dieter Potsch de 2,7 milhões € para 9,5 milhões €, Francisco Garcia de 2,9 milhões € para 9,5 milhões €, Jochem Heizmann de 2,6 milhões € para 6,9 milhões € e Horst Neumann de 2,7 milhões € para 6,8 milhões €. A remuneração dos cinco principais gestores aumentou de cerca de 16,5 milhões € em 2007 para 45,4 milhões em 2008 (*).
 
E na Autoeuropa? Quais os rendimentos dos administradores com os seus chorudos salários, viaturas de serviço para cada, cartão de crédito, que prémios recebem, etc.
 
Porque terão de ser sempre os trabalhadores sacrificados para que um conjunto de gestores de topo tenha as mais diversas regalias. Em nome da transparência seria bom que tudo fosse conhecido.
 
Então certamente saberemos melhor o que é a crise, se ela existe para todos e se uma melhor e mais equitativa distribuição dos recursos não poderia evitar que se queira recorrer constantemente a poupanças sempre à custa e só daqueles que menos ganham.
 
Em relação aos sábados a administração tem objectivos bem determinados.Isso tem-se manifestado nos últimos anos em que os trabalhadores têm vindo a ser prejudicados no pagamento do trabalho suplementar, estando ameaçados, neste momento, os próprios limites do horário semanal de trabalho.
 
Não podemos voltar à mesma sina!
 
(*) Revista Der Spiegel, 12/03/09.